ORIGEM DO M.C.C.

Manuel Aparici NavarroNo final da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), a Espanha encontrava-se devastada pelas agruras da guerra, tanto materialmente como espiritualmente, apresentando um ambiente cada vez mais descristianizado. Nesta época, onde a Acção Católica tem um papel importante, idealizam-se os Cursos de Chefes Peregrinos: preparar e levar 100.000 jovens peregrinos (em graça) a Santiago de Compostela, com o impulso decisivo de Manuel Aparici Navarro, chamado de «Capitão dos peregrinos», nesta e noutras peregrinações.

Na Semana Santa de 1943 convidam um jovem de 29 anos, militar, Eduardo Bonnin, a participar no 2.º Curso de Chefes Peregrinos.

Eduardo Bonnin jovemBonnin, considerado o fundador do M.C.C., era natural de Palma de Maiorca, onde nasceu a 4/5/1917, no seio de uma família numerosa com dez irmãos.

Desde jovem teve a visão e a inquietação de chegar com o Evangelho aos mais afastados, especialmente aos mais jovens. Eduardo foi educado num ambiente de fé católica profunda, mas ao mesmo tempo num ambiente fechado, não tendo outros contactos, além dos que a sua família mantinha no comércio e com os ambientes rurais da ilha.

A experiência determinante da sua vida foi a do serviço militar, em 1937, onde contactou com todas as classes sociais e concluiu que a maior parte dos seus colegas vivia num ambiente descristianizado (ou mesmo hostil), face à religião, mas que ainda conservavam uma série de valores evangélicos (como a rejeição da mentira e hipocrisia, a alegria, a abertura a todas as classes, o sentido da amizade, etc.). Nesse ambiente Bonnin conservava sempre o seu bom humor.

Tendo também uma cultura elevada, foi então contactado pelo Presidente da Acção Católica dos jovens de Maiorca, o arquitecto José Ferragut, para assistir no segundo cursilho de chefe de peregrinos: tinha na altura 26 anos. Bonnin aperfeiçoa a programa e escreve o «Estudo do Ambiente»: o importante é transformar os ambientes, através da “conquista” primeira das “vértebras” dos mesmos (os líderes em cada ambiente). Os cursos são reestruturados: passam a 3 dias, com tónica na evangelização e no kerigma; e o objectivo dos cursos é alargado: de uma preparação para uma peregrinação passa ao objectivo de fermentar os ambientes de cristianismo.

Sebastian GayaÉ então que um jovem sacerdote, responsável pela pastoral universitária de Maiorca, Monsenhor Sebastian Gayá, torna-se um ferrenho adepto deste método e contribui, junto com Bonnin, para a expansão entusiástica dos cursilhos.

Em Agosto de 1944, de 20 a 23/8/1944, num ‘chalé’ em Calla Figuera de Santanyi, em Palma de Maiorca, realiza-se o primeiro Cursilho (sessão experimental, não oficial), já com as alterações introduzidas por Bonnin. Desde aí, até 1948, alternaram-se os cursilhos dos chefes dos pergerinos com os cursilhos de duração de três dias.1cursilhonaooficial

O êxito desse primeiro cursilho não oficial foi estrondoso: ajudou na conversão pessoal e transformação dos ambientes. 

 «O Senhor foi misericordioso e providente: voltei para Ele; a minha vida tem sentido; sou um homem “razoavelmente” feliz. (…) Posso desejar mais?»

Salvador Escribano Hernández, participante do 1.º cursilho da história

DJuanCapoEntretanto, em Agosto de 1948, teve lugar a famosa peregrinação a Santiago de  Compostela de cerca de 100.000 jovens, sendo um êxito total. Maiorca enviava 600 jovens, nos quais se incluía Bonnin, levando com eles o «Guia do Peregrino», que continha orações escritas num estilo surpreendentemente directo, ao invés dos rebuscados livros de piedade da época, livro da autoria do jovem sacerdote D. Juan Capó, que  também teve um papel importante, pelo seu enorme saber teológico e cultura geral, expressão verbal fabulosa. 

Depois de algumas celebrações em Santiago, inclusive com palavras dirigidas por Pio XII pela rádio, os jovens de Maiorca regressaram, onde eram esperados por 50.000 pessoas! Já na praça central, o assessor diocesano da Acção Católica, Don Gayá, lançou um desafio aos jovens: «Fomos a Santiago para tornarmo-nos santos. E o que faremos agora?».

Eduardo BonninA partir daí, Bonnin lançou-se numa verdadeira sucessão de cursilhos ao ano, trabalhando incessantemente na Vinha do Senhor, lançando um grito de alerta para a juventude, propagando o Evangelho de Jesus Cristo, à semelhança de São Paulo. E depois de uma vida intensa dedicada aos cursihos, Bonnin faleceu em 6/2/2008, com 90 anos, por volta das 18 horas, em Espanha.

DjuanhervasApós a peregrinação a Santiago (1948) e o êxito dos cursilhos realizados, o apoio decisivo veio de D. Juan Hervás, um dos mais jovens do episcopado espanhol. Ele reconheceu a importância dos cursilhos na evangelização. 

 «Sem dúvida nenhuma a ele se deve o facto de os Cursilhos serem aceites pela Igreja».   

(in  “O Meu Testamento Espiritual”– Eduardo Bonnín Aguiló - 2009) 

1cursilhooficialMas é em 7/1/1949 que se realiza o 1.º Cursilho de Cristandade (já de modo «oficial»), no Mosteiro de San Honorato, no Monte da Randa, em Palma de Maiorca. Participaram vinte e um homens. Nesse mesmo ano têm lugar vinte cursilhos de homens em Palma de Maiorca. Até à realização deste cursilho, os cursilhos não tinham numeração, eram conhecidos pelo local da realização; além disso, os cursilhos não foram sempre designados por Cursilhos de Cristandade, mas até 1949 chamavam-se de «Cursilhos de Chefes de Peregrinos»; de 1949 a 1953 - «Cursilhos de conquista»; e só em Março de 1953 é que se denominam de «Cursilhos de cristandade».

 

EXPANSÃO DO M.C.C.

Desde Maiorca, os cursilhos propagaram-se por todo o mundo, a partir de 1953:

Na América, a difusão foi profunda, em especial na América Latina.

- Venezuela: desde 1957. É o país da América Latina onde o MCC está mais organizado.

- Porto Rico: desde 1961. Na diocese de San Juan é onde há mais cursilhos, às vezes três por mês, tendo cada cursilhos mais de 50 elementos.

- Canadá: desde 1963 e inglês e desde 1965 em francês.

- Outros países: Chile (1963), Costa Rica (1964), Argentina (1965), Paraguai (1966), etc.

Na Europa a difusão foi mais lenta devido à diversidade de línguas

- Primeiro em Portugal, Áustria e Itália.

- França, Bélgica e Suíça: mais difícil...

- Para a Inglaterra os portugueses levam os cursilhos (1970).

- Após 1989 (queda muro Berlim) expande-se para Leste.

Na África o MCC entrou pelas colónias portuguesas e espanholas.

Na Ásia, foram para as Filipinas, Sri Lanka, Japão, Taiwan, Hong Kong, etc.

Os cursilhos expandiram-se por todo o mundo (mais de 50 nações e 14 milhões de cursilhistas). Só na Ásia existem cerca de 10 milhões de pessoas à espera de fazerem um Cursilho.