Escrito por José Borlido

11ª SESSÃO DE ESCOLA

DIA 3 de Abril de 2017

TEMA: Envelhecer com qualidade no seio da família

Palestrante: Dr. José Calçada

 “Envelhecer no seio da Família; com qualidade de vida”; Tema de grande atualidade nos dias de hoje, que nos deve merecer reflexão; em que foi palestrante o Dr. José Calçada, licenciado em Sociologia, que começou por nos dar uma panorâmica da evolução através dos tempos do modo como os nossos idosos eram tratados no seio da família;

Tempos em que o idoso era considerado um património de sabedoria, para transmitir os seus conhecimentos às novas gerações; através dos seus familiares.

O Século XX veio alterar substancialmente esta situação, normalmente o idoso quando saía do seu tempo produtivo passava mal e em muitos casos passava a viver da caridade alheia, só os abastados tinham direito a uma vida digna, o que o mesmo é dizer; uma velhice com qualidade de vida.

Arqueologia do conceito;

No Cristianismo a imagem do idoso era feia e decrépita; na revolução industrial – nas cidades os idosos pobres eram quase sempre reduzidos à mendicidade.

No século XX assiste-se ao aumento da longevidade feminina; a luta contra a velhice era dura e surge a figura da mulher apelidada de brasa.

No renascimento – amante e admirador da beleza das mulheres jovens; as velhas simbolizavam a maldade e eram identificadas com as bruxas.

Feitos estes considerandos que procuraram situarmo-nos no contexto atual, onde se constata que hoje temos mais idosos do que crianças – a pirâmide passou a invertida; o que torna mais premente esta reflexão e que nos leva a considerar que aqui não falta de nada… mas falta tudo; falta o toque humano; o abraço e a partilha; falta o contacto humano de um familiar que ninguém pode substituir; - A qualidade de vida é sentir a corrente sanguínea humana.

Hoje a tendência é substituir as pessoas pelas máquinas; mas… as máquinas não sentem… não são humanas.

Temos que ter a paciência de ouvir um idoso quando repete amiudadas vezes as suas histórias de vida; deve-mos ouvi-las com o se fosse a primeira vez.

Existe muita relutância e preconceito em relação a certos comportamentos dos mais velhos, quer pela sua idade, quer pela doença.

Já não tenho paciência…

Perdi a vontade de agradecer a quem não agrado;

De amar quem não me ama;

De sorrir para quem me quer tirar o sorriso;

Já não tenho paciência nenhuma para quem não merece a minha paciência;

A sociedade de hoje não prepara os velhos para dar qualidade de vida à longevidade, em vários aspectos, até na construção… sem barreiras arquitectónicas, que facilitem a mobilidade dos idosos; Família: – Velhice com qualidade para mim é à noite estar junto dos meus.

Continuamos a construir centros de dia e lares, segundo regras e normas do século XIX, sem termos em conta as realidades atuais.

A qualidade de vida também não se vê nas cores, o que vemos é tudo a preto e branco… e isso dá-nos uma vida a preto e branco; sem alegria.

O trabalho com idosos requer formação, é certo; mas, também é necessário vocação para lidar com o idoso, “como se de um familiar se tratasse”.

E a concluir: O nosso país está a preparara-se para dar longevidade ao corpo, mas sem afetos; dar tudo no aspecto material… mas não nos afetos, que é o fator mais importante para os idosos.

O Evangelho até à velhice dará bons frutos…

É importante haver um padre numa Paróquia que assista os idosos, pois eles gostam do Sacramento da Reconciliação.